Introdução
Contexto
No contexto da II Semana de Mobilidade Sustentável do Grande Maputo, Setembro de 2019, a Agência Metropolitana de Transportes (AMT), o #MapeandoMeuBairro (#mmb) e a Arquitectura Sem Fronteiras (ASF) realizaram a 2a Edição da Maratona de Mapeamento do Transporte de Maputo. Mais amplamente a Maratona enquadra-se nos esforços de consolidação e formalização da rede de transporte público rodoviário na Área Metropolitana de Maputo.
Objectivo
O objectivo da Maratona era liberar os dados sobre o transporte que vêm sendo recolhidos por várias entidades ao longo dos últimos anos. Liberar os dados significa publicá-los sob uma licença que autoriza o uso, cópia, modificação e redistribuição dos mesmos. Para tal usou-se a plataforma OpenStreetMap (OSM) (www.openstreetmap.org). O alvo era subir à plataforma mais de 110 rotas e 950 paragens dos diversos operadores – Chapas, TPM, Cooperativas, etc. cobrindo Maputo, Matola, Boane e Marracuene. Com esta Maratona pretendia-se também concluir o trabalho realizado voluntariamente nas edições anteriores de 2017 e 2018.
Plano de acção
A Maratona iria decorrer de 9 a 20 de Setembro de 2019. O mapeamento seria realizado por uma equipa de 8 pessoas nos escritórios sede da AMT em sessões de trabalho de 6-7 horas. Haveria também uma equipa de campo a fazer o levantamento de dados de paragens e rotas em falta.
Desenvolvimento
Descrição de actividades
A Maratona iniciou, como planeado, com uma pequena formação em que os mapeadores se familiarizaram com alguns conceitos básicos de informação geográfica e o funcionamento das ferramentas de mapeamento: ponto, linha, polígono; a própria base de dados OSM e as diferentes formas de visualização dos dados (web, apps, etc.); o aplicativo JOSM (Java Open Street Map) usado para editar e subir os dados; Etiquetas para paragens, rotas, terminais; formato de ficheiros .gpx; Etc.
O Mapeamento foi feito por uma equipa de 8 mapeadores. Dois colaboradores da AMT prestaram apoio técnico e havia uma equipa de campo a fazer o levantamento de dados em falta sobre paragens e rotas.
O trabalho consistiu em reunir dados de várias fontes. Dados geográfico (ficheiros .gpx) indicavam a localização das paragens e o trajecto das rotas. Dados tabulares davam diversa informação sobre as paragens e rotas (Nome, rua, bairro, horário, terminais de partida e destino, tarifas, etc.). Dados visuais davam informação complementar sobre as paragens e rotas (fotos aéreas/satélite, versões anteriores de mapas de transporte da Cidade de Maputo e da rede Estrutural Metropolitana, mapa de bairros e divisões administrativas, etc). Sempre que possível o mapeador comparava também esta informação com o seu conhecimento da situação “no terreno”. Esta informação era compilada numa tabela e eram gerados códigos de identificação (IDs) para os diferentes objectos a mapear. Pontos de detenção de veículos, pontos de espera de passageiros, zonas de embarque, etc. Finalmente esta informação era introduzida no JOSM e subida para o OSM. E assim se repetia para cada uma das paragens e rotas.
Porque o trabalho não pôde ser concluído no tempo inicialmente previsto prolongou-se a Maratona por mais duas semanas até o dia 3 de Outubro.
Análise
Resultados
Como resultado da Maratona foram mapeadas 1050 paragens e 133 rotas.
Paragens:
Maputo: 474 paragens
Matola: 403 paragens
Boane: 46 paragens
Marracuene: 74 paragens
Matutuíne: 51 paragens
Manhiça: 2 paragens
Rotas:
Corredor 1: Baixa/Museu – Boane/Mozal/Tchumene: 15 rotas
Corredor 2: Baixa – Infulene/Socimol/Nkobe: 23 rotas
Corredor 3: Baixa/Museu – Zimpeto: 8 rotas
Corredor 4: Baixa/Museu – Albazine: 12 rotas
Corredor 5: Baixa – Marracuene: 8 rotas
Corredor 6: Baixa – Katembe: 9 rotas
Rede de serviço nocturno: Corujas: 9 rotas
Rotas novas ainda por cadastrar: 7 rotas
Rede da Cidade de Maputo: 42 rotas
Dificuldades encontradas e lições aprendidas
A actividade de mapeamento é repetitiva e a falta de uma fonte centralizada dos dados a mapear tornou-a mentalmente mais exigente. É aconselhável a preparação de um documento que centraliza os dados antes da actividade de mapeamento para evitar que o mapeador trabalhe com varias fontes de informação (às vezes dispares) e permitir que haja um ponto único de referência para obtenção de dados de qualidade, evitando inconsistências nos dados subidos ao OSM. Isto permitiria aumentar a eficiência e eficácia do trabalho.
A comunicação da equipa de mapeadores com a equipa de campo e a de assistência técnica poderia ser melhor e mais frequente.
Seria aconselhável produzir um Wiki do Mapeamento para ir acumulando e partilhando a experiência adquirida na Maratona de Mapeamento. Lá poderiam constar a lista de tags (etiquetas), regras de geração de códigos de paragens, boas-práticas de mapeamento, regras de nomenclatura, etc.
Passos subsequentes
É necessário completar a verificação e correção de erros e inconsistências dos dados subidos ao OSM. Depois conciliá-los com os dados da AMT. E então pode-se avançar para a conciliação com os operadores do transporte e finalmente a validação e oficialização junto dos Municípios/Distritos.